25/12/2014

A Rainha do Blondie: Debbie Harry

"A única pessoa em quem eu realmente acredito é em eu mesma!"; "Como alguém pode ser mulher e não ser feminista?Essa é minha questão!" e "Você sempre se apaixona pelo cara perigoso ou aquele que é um pouquinho malvado. A gente não consegue evitar!"
Frases assim ditas de forma tão direta, mas ao mesmo tempo de modo tão impactante saíram da boca de Deborah Ann Harry. Adotada com três meses de idade, além de sempre expressar o seu não desejo de ter filhos e até de casar, Debbie fez parte de uma das bandas mais influentes do punk- Blondie- e é considerada até hoje uma figura cult no mundo da música.



Deborah nasceu em 1º de julho de 1945 e logo foi adotada por Richard, um vendedor, e Catherine Harry, mudando assim de Miami para Nova Jersey, seu mais novo lar. Ainda sem seus vibrantes cabelos loiros, uma morena Debbie sonhava que sua mãe verdadeira era Marilyn Monroe e já com 12 anos começou a experimentar diferentes cores de cabelo, isso até que a onda hippie atingiu a América e transformou Harry em uma "criança da natureza"

Debbie em 1968 quando fazia parte do grupo Wind in The Willows
Antes porém de entrar no mundo da música, Debbie trabalhou como secretária e até como uma garçonete. Ansiosa para deixar uma marca no mundo, quando perguntada sobre o que ela queria ser quando crescer uma decidida Harry afirmou: "Ser famosa, o que mais?".
Mudando para Nova York em 1965, então com 20 anos, a estrela em ascensão de Debbie, influenciada pelo rock folk tão famoso naquela época por Bob Dylan e Joan Baez, entre outros claro, formou a banda, já mencionada acima, Wind in The Willows, nome em homenagem do livro infantil O Vento nos Salgueiros de Kenneth Grahame. Longe de ser o punk new wave que virou a marca registrada de Debbie, ela já descreveu o grupo como um "folk barroco" e com uma música "depressiva de escutar." O grupo lançou um álbum homônimo em 1968 e depois da gravação de um segundo, que nunca foi lançado, a banda se separou.

Um das músicas da fase hippie de Harry.

Debbie então seguiu em frente trabalhando como garçonete no famoso bar Max's Kansas City e lá conhecendo Andy Warhol - de quem se tornaria depois uma de suas queridinhas, embora em seu diário ele já tenha afirmado que ela não era tão interessante assim- e até servindo bebidas para Janis Joplin, Debbie começou outro emprego, de 1968 a 1973, como garçonete- coelhinha da Playboy.
Para aqueles que não sabem, a Playboy de Hugh Hefner é um império multinacional, que compreende desde revistas até restaurantes. Mulheres então eram contratadas como garçonetes se vestindo de coelhinhas e assim atraindo ainda mais clientela masculina!Por isso esclareço, Debbie nunca foi uma coelhinha da Playboy e sim uma garçonete do império da Playboy.
Em 1972, Debbie se reuniu ao trio feminino The Stilettos que como qualquer banda naquela época tocava nos bares mais undergrounds possíveis para conseguir sucesso.

Juntando a força feminina, Harry sempre afirmou que o próximo passo
lógico no mundo do rock era o maior destaque para as cantoras.
Em 1973, em um dos shows da sua então banda, que já se distinguia muito em som da Wind in The Willows, embora ainda não ressonasse no punk new wave de Blondie, um dos maiores acontecimentos da história da música e da vida de Harry aconteceu:
Ela conheceu Chris Stein.

Chris e Debbie são um dos casais mais influentes da música.
O casal ficou por mais de duas décadas junto, escrevendo músicas de qualidade com os dois até admitindo que "uma força cósmica os unia." De qualquer modo, Debbie o viu na plateia enquanto cantava e acabou recitando todas as músicas olhando para ele. Os dois então se encontraram no backstage e o resto é história, uma muito bem sucedida, devo ressaltar!

Stein, um talentoso guitarrista e fotógrafo, logo entrou no grupo de Debbie como um dos músicos da banda de apoio. Já em 1974, a banda Stilettos se disolveu, mas Debbie e Chris cada vez mais certos da perspectiva de fazer sucesso se reuniram com o baterista Billy O'Connor e o baixista Fred Smith para formar Blondie. O nome veio das cantadas que Debbie Harry recebia na rua, que já com seu famoso cabelo platinado, eles assobiavam e diziam: "E aí,loirinha?!" 
Depois de algumas mudanças no line-up da banda, ficou acertado que Chris, Debbie, Clem, Jimmy, Paul e Leigh Fox estavam caminhando para o estrelato. Mas eles realmente não tinham certeza, já que o máximo de exposição que conseguiram até então foi ser uma das bandas que sempre tocavam no Max Kansa's City e CBGB. Amigos de David Johansen, David Bowie, Syl Sylvain e Iggy Pop eles já eram influente por trás das câmeras, mas será que tinham talento o suficiente para tomar o controle?

Em 1976 eles lançaram seu primeiro álbum intitulado Blondie pela gravadora Private Stock. Sem qualquer sucesso, eles logo trataram de sair daquele contrato e assinaram com a Chrysalis Records relançando seu disco.

O álbum não foi um sucesso.
Embora os críticos tenham reconhecido a inovação trazida pelo grupo, a banda não havia estourado até que um programa na Austrália chamado Countdown se confundiu e tocou a música In The Flesh. A partir daí a banda chegou em número um nas paradas de sucesso com X-Offender e Rip Her to Shreds tornando possível uma turnê pela Europa e Austrália. Mas os Estados Unidos ainda não haviam sido conquistados. 

Com seu segundo álbum, Plastic Letters em 1978, Blondie conseguiu mais alguns hits como a minha favorita Denis (um cover the Randy and the Rainbows) e a (I'm Always Touched by Your) Presence, Dear, mas com a saída de Gary o álbum ficou um tanto picado e tudo se arrumou quando o line-up oficial do Blondie, aquele que conquistou o EUA de vez, se formou com Frank Infante no lugar de Gary e Nigel.

O sucesso internacional finalmente veio com o álbum Parallel Lines em 1979, responsável pelos hits Heart of Glass, One Way or Another e Hanging on the Telephone.

O álbum cimentou hoje o status de poder de diversidade do Blondie.
Mas com o sucesso, também veio as complicações. O fato de a imprensa dar mais atenção a Debbie considerando os outros músicos como não importantes, o vício nas drogas e as brigas por dinheiro, já que jovens e sem experiência no showbizz não sabiam administrar o que ganhavam, o grupo se dissolveu em 1982, depois de mais três álbums, Eat to Beat, AutoAmerican (que contém minha versão favorita da The Tide is High) e The Hunter.

Debbie ainda lançou quatro álbuns solos, com KooKoo em 1981 se afastando do glamour punk e investindo mais no tecno-dance, causando controvérsia pela capa com agulhas que perfurava seu rosto. Com os cabelos castanhos de novo, Harry queria se distanciar da persona que a fez famosa com Blondie.
E aí, acham que justificava tanto escândalo?

Em um videoclipe sombrio de Now I Know You Know, Debbie se afasta 
da persona alegre de sempre. 

Em 1986, Debbie lançou seu mais novo álbum RockBird, loira novamente, achando tempo depois de participar de filmes como o impactante VideoDrome (1983) e cuidando de Chris Stein que naquela época estava se recuperando de uma doença fatal de pele. 

O hit French Kissing in the USA foi modesto tanto na Europa, onde Debbie
era tão querida, quanto nos EUA. 


Já em 1989, separada de Chris, com quem até hoje ela é amiga - não passando nem um dia sem falar com ele e ainda madrinha de suas duas filhas- ela lançou o álbum Def, Dumb and Blonde com o sucesso I Want That Man.

 "Eu quero um pedaço do céu antes de eu morrer."

O quarto álbum da Debbie chamado Debravation foi lançado em 1993, que não foi um hit internacional, mas continuou a fazer sucesso na Europa. Com um som mais dançante, Debbie estava mais pop e parecia distanciada de vez de Blondie.

A apresentação é um tanto bizarra, mas é um dos álbuns mais ecléticos de Debbie.


Só que tudo isso mudou quando Chris a convidou a usar o nome de Blondie mais uma vez para o álbum No Exit em 1999 marcando o retorno da banda com o sucesso estrondoso da canção Maria. Escrita por Jimmy Destrit que também escreveu o sucesso Atomic, ele contou que compôs a canção pensando como era ser garoto de novo e desejar aquela garota inatingível.
Blondie está na ativa até hoje! *E bem que podiam vir ao Brasil, não é?* 


Podemos dizer que Debbie Harry depois de tantos contratempos no sucesso, continua até hoje como uma das rainhas da música internacional, seja por sua presença no palco, seu talento e seu estilo que a transformou em uma das mulheres mais influentes do rock.

"Debbie e eu conseguimos realizar muito mais juntos do que separados." - afirmou Chris em 1981, fato que continuou durante toda a vida musical de Harry, compondo suas canções com Stein e relevante mesmo depois de tanto tempo, sempre caindo na estrada e realizando turnês com ele!

É como dizem: "Debbie foi uma inovadora!" E se você não a conhece, precisa fazê-lo agora mesmo!
Esse post não conseguiu nem cobrir a metade do que eu gostaria, mas espero que tenha atiçado sua curiosidade e faça com que vocês procurem saber ainda mais sobre essa grande mulher e vocalista.

Viva! Debbie completa 70 anos em 2015! 



10 comentários:

  1. Oi Gabriella, gostei do seu texto sobre o Blondie, minha banda preferida. Gostaria de se juntar a nossa comunidade sobre ela ? Eu pessoalmente, conheci a Debbie quando ela veio em Sampa em 2012.

    http://unidadedecarbonoterra.blogspot.com.br/2012/05/encontrando-debbie-harry-o-sonho-se.html

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    1. Uau! Eu li o seu relato e que honra! Eu acho que até me esqueceria de como falar se eu estivesse perto da Debbie. E o seu texto somente confirma o que eu sempre pensei dela: uma mulher humilde e super simpática com seus fãs.
      Você e o seu amigo foram muito sortudos! Esse é um daqueles momentos da vida que a gente nunca esquece!
      Ah, fico muito feliz que você tenha gostado desse meu post e adoraria fazer parte da comunidade!
      Blondie sempre! haha

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  2. Sempre fui fã de Debbie. Gosto muito do rock dos anos 70, talvez a melhor fase da música pop e do rock. Muito legal este texto. Parabéns e abraços!

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    1. Oi, Adriano, tudo bom?
      Muito obrigada pelo elogio, também amo o rock dos anos 70, e tenho uma queda enorme pelo dos anos 60, especialmente o Roy Orbison!
      Muito obrigada pela visita e volte sempre :)

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  3. Seu texto é simplesmente comovente! Conheci essa banda incrível há pouco tempo e já me considero fã, amo o som deles.Acho muito bacana ter esse tipo de conteúdo em português, sempre que procuro algo sobre a Debbie ou Blonde tem de ser em inglês por que são raras as vezes(exceto quando é sensacionalismo barato e coisas desnecessárias envolvendo a vida privada da Debbie, como a sua sexualidade e tals) que tem algum artigo ou entrevista sobre o grupo em português. Achei lindo o modo como você narrou a parceria entre o Stein e ela, parece mágico né? Parece até destino. E sobre ela conhecer no trabalho tanta gente foda como Iggy, Janis, Andy...Meu deus, é impressão minha ou o universo conspirava pra que ela se firmasse no mundo da música e deslanchasse nas paradas de sucesso? Particularmente prefiro as músicas/produção cultural do século passado, especialmente dos anos 60,70 e 80 mdss daria qualquer coisa pra viajar no tempo é uma pena ter nascido nos anos 2000.

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    1. Olá, Yasmin!
      Muito obrigada pelo elogio!
      E sim, é incrível a pouca quantidade de artigos e informações sobre Blondie que temos em português. A Debbie é uma das cantoras mais influentes do mundo da música, mas infelizmente aqui no Brasil não temos esse auê com o Blondie e o mesmo acontece com a Stevie Nicks, que eu amo!
      E sim, tenho certeza que ela e o Stein eram destinados a se conhecerem! Dava até para fazer uma cinebiografia da banda!
      Fico muito feliz que você tenha gostado e qualquer coisa sobre Blondie, só perguntar! Obrigada e abraços! Blondie sempre!

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  4. Boa noite gostaria de saber se ela tem devoção a Maria

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  5. Adora a Debbie-Harry, e é uma pena em não ter filhos para ter uma verdadeira família!

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