17/12/2014

Marilyn Monroe e as Almas Desesperadas de 1952

Marilyn Monroe foi sempre considerada, por mim, uma das grandes atrizes do cinema. Uma,que infelizmente, não confiava em suas capacidades e que esperava a aprovação daqueles à sua volta para se auto validar. A prova concreta disso, ao meu ver,  foi concordar em atuar no filme "Os Desajustados" de 1960, que seu terceiro marido, o roteirista Arthur Miller escreveu como um presente para ela! E que presente mais detestável, retratando-a como o esteriótipo da "loira burra e fatal" que ele esperava que ela fosse.
Mas antes de tudo isso, até antes do seu primeiro grande sucesso com Os Homens Preferem as Loiras de 1953, Marilyn atuou no que podemos considerar seu primeiro papel sério- e protagonista- interpretando uma doce, porém conturbada jovem chamada Nell Forbes, na verdade Nell Munro se nos guiarmos pelo livro. O nome, no filme é claro,  foi mudado porque Monroe e Munro eram muito parecidos. Até demais.
O filme era Almas Desesperadas de 1952.


A película Almas Desesperadas foi baseada no livro Mischief [em tradução livre algo como "Prejuízo" ] da escritora Charlotte Armstrong. A história conta sobre a vida de uma jovem perturbada que decide morar na cidade grande. No hotel em que estava hospedada, Nell acaba sendo contratada como babá para uma menina de 9 anos para que seus pais participem de uma festa de negócios. O problema é que ninguém, nem mesmo Nelly ficará a salvo enquanto ela mesma estiver no comando.

Marilyn me surpreendeu nesse papel e desde então me tornei sua grande fã.
O primeiro filme de destaque da atriz Anne Bancroft, que interpreta Lyn Lesley, a namorada do piloto Jed Towers (o sedutor Richard Widmark), o filme mostra também o personagem de Jed que se deixa seduzir pela persona magnética de Nell e tenta, então, impedi-la de ferir a si mesma e aos outros ao seu redor. O filme foi considerado uma tentativa de Monroe para que os críticos reconhecessem o seu talento dramático.

Com somente 20 anos ao filmar Almas Desesperadas, Anne já nos dava uma amostra
de seu grande talento.
O que falhou, miseravelmente, devo ressaltar. A crítica de Bosley Crowther do New York Times quando o filme estreou foi um tanto dura apontando que Monroe "tinha uma feição infantil e vazia" e que a audiência "ria quando não deveria rir no filme", provas de que Marilyn, na época prestes a se tornar uma das maiores estrelas da Twenthy Century Fox, ainda precisava ser "polida". 

Dirigido por Roy Baker, no qual o filme de mais sucesso foi Uma Noite para ser Lembrada de 1958, em minha opinião a resenha de Bosley Crowther não poderia estar mais errada.

O filme é um must-see para qualquer fã de Marilyn Monroe e até para aqueles que zombam de suas performances, rotulando-a como incapaz de atuar. Diferente de muitas de suas colegas atrizes, Marilyn era uma das personas de Norma Jean e seu olhar, tanto melancólico quanto fugaz, era capaz de atuar como um imã para qualquer uma de suas performances.

Anne Bancroft está encantadora em seu primeiro filme, embora eu ainda guarde O Milagre de Anne Sullivan como um de meus favoritos dela. Richard Winkman também não deixa a desejar interpretando o bad-boy regenerado.

Richard e Marilyn em uma das cenas "quentes" do filme. 
As atuações são sólidas, a direção é encravada nos detalhes e a atmosfera de thriller psicológico proporciona o passo certo para a narrativa do filme, como se toda a ação dele estivesse acontecendo em tempo real, em um lugar tão inesperado quanto uma suíte de hotel e que contribui para o sucesso do filme em meus olhos.

Com uma adaptação em 1991 chamada Baby Sitter- A Noite do Delírio, encho a boca para dizer que a versão da Marilyn Monroe é superior e que eu a levo a sério sim, como uma atriz.
E depois de tanto tempo, acho que já está mais do que na hora de ela receber seu devido crédito.








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