13/10/2014

5 músicas que não são sobre o que você imagina

Olá a todos. Para inaugurar meu post de volta - estou sem postar aqui por algum tempo devido a rotina caótica de estudos + trabalho - resolvi me redimir falando sobre alguns curiosidades musicais que aposto que muitos de vocês não sabem. E se sabem, vale a pena recordar: que muitas músicas não são exatamente o que pensamos.
Vamos lá?

1. Looking for a Kiss - New York Dolls

Sobre o que as pessoas acham que a música fala: cocaína.
Sobre o que a música realmente fala: a paixão de David Johansen por Cyrinda Foxe.




Para quem não conhece, a banda New York Dolls era famosíssima na cena punk de Los Angeles nos anos 1970. Sylvain Sylvain, David Johansen, Johnny Thunders, Billy Murcia, Arthur Kane e Jerry Nolan  formavam  a banda transgressora e que atraia todas as atenções da badalada boate Max's Kansas City. 

Cyrinda, que muitos devem conhecer como a primeira mulher de Steven Tyler do Aerosmith, era uma das queridinhas da patota seleta de Andy Warhol. Amiga de Candy Darling que ela disse ser "a mulher mais bonita que já viu- só que um homem", Foxe logo conseguiu trabalhos como modelo e atriz.

Atraída por David Johansen já que ele era o rei da cena underground da época, os dois logo começaram um relacionamento recheado de drogas, photoshoots em revistas e por mais cliché que seja, amor.
A música Looking for a Kiss foi escrita em 1973 e está no primeiro álbum da banda. Naquela época, Johansen estava tão apaixonado por Cyrinda que resolveu escrever uma música para ganhá-la. Tanto funcionou que eles até se casaram, mesmo ela o deixando por Steven em 1977....bem, mas essa é outra história.

Cyrinda, no entanto, estava envolvida no fornecimento de drogas para músicos naquela época,
por isso esta parte da música: "Now everybody's going up to your house to shoot up in your room".

2. I Want to Break Free - Queen

Sobre o que as pessoas acham que a música fala: se libertar da pessoa amada.
Sobre o que a música realmente fala: sobre a emancipação feminina.


John Deacon, o baixista da banda Queen, escreveu ótimas músicas que se tornaram hinos para uma geração como: a grudenta You're my Best Friend para sua esposa Veronica, a inovadora Another One Bites the Dust que foi o single mais vendido do grupo, além de criar o ritmo de Under Pressure que Vanilla Ice descaradamente copiou em Ice Ice Baby.

Sendo assim ninguém pode negar sua importância para o mundo da música e para todos os queenies espalhados por aí.
O mais interessante era que Deacon escreveu a letra de I Want To Break Free sobre a visão masculina, ou a dele podemos dizer assim, sobre a emancipação das mulheres. Discorre sobre a escolha que fazemos entre amar alguém enquanto queremos manter nossa própria independência.

E além disso, é uma das minhas canções favoritas do Queen.

 
Lançada em 1984, no álbum The Works, ela foi usada como hino na África do Sul quando o apartheid ainda estava em voga.

3. Uma Arlinda Mulher - Mamonas Assassinas


Sobre o que acham que a música fala: uma sátira de músicas românticas
Sobre o que a música realmente fala: na verdade, ela também faz um trocadilho sobre o filme Uma Linda Mulher e satiriza a voz do cantor Belchior.

Todos já ouviram a tragédia que o grupo Mamonas Assassinas sofreu em 1996, mas aqui prefiro me focar em sua influência na música brasileira. A banda, que inicialmente tinha o nome de Utopia(!) foi formada por Dinho (Alecsander,sim esse é o nome verdadeiro dele ), Bento Hinoto, Júlio Rasec e Sérgio e Samuel Reoli em 1990.  Com apenas um álbum, eles tiveram um sucesso meteórico com suas canções bregas, desafiadoras e acima de tudo muito sagazes e inteligentes.

Uma Arlinda Mulher, como já dito acima faz relação a comédia romântica estrelada por Julia Roberts e o início da composição mostra tais semelhanças:

Toda remelenta e estronchada num bar,
entregue às bebida
Te cortei os cabelos do sovaco e as unhas do pé
Te chamei de querida
Te ensinei
Todos os auto-reverse da vida

Essa parte remete a cena do filme em que o personagem de Richard Gere encontra a prostituta interpretada por Julia e a faz uma proposta, na qual a acolhe e paga uma quantia para que ela seja sua companhia, que no fim beneficia tanto um quanto outro. Só que obviamente, contada através da visão Mamonas de compor.
Já a parte que faço menção ao Belchior, é porque ele era um cantor famoso de MPB que possuía como chamariz uma voz forte, entonada e completamente emposta.



Do único álbum do grupo, a canção permanece uma das minhas músicas-críticas favoritas dos Mamonas.



4.  Luz del Fuego - Rita Lee 



Sobre o que acham que a música fala: sobre feminismo (e é também)
Sobre o que a música realmente fala: sobre a famosa Luz Del Fuego,vulgo Dora Vivacqua.


Deixo claro aqui que feminismo e Luz Del Fuego são dois assuntos que sempre estarão interligados. Ela foi considerada a primeira feminista brasileira em pleno anos 1930 e 1940, por suas ideias pouco convencionais e por ser adepta do nudismo em uma época que era ainda mais controverso do que é hoje.

Rita Lee escreveu essa música para seu álbum Fruto Proibido de 1975, que a consagrou como uma das artistas mais versáteis do rock brasileiro.

Essa canção junta duas feministas em uma cartada só.

5. There She Goes - The La's 

Sobre o que as pessoas acham que a música fala: estar apaixonado.
Sobre o que a música realmente fala: heroína (?) ou não?

The La's lançou somente um álbum, em 1990, mas este se tornou um guia para todas as bandas de rock alternativo depois deles.

The La's foi uma banda britânica formada em 1983 por Lee Mavers, John Power, Paul Hemmings e John Timson.  O vocalista Lee era tão perfeccionista que dizem que essa foi uma das causas para a separação da banda, já que lançar um álbum era um processo tortuoso e muito longo. 

Há duas vertentes de ideias sobre o que a música é: muitos dizem, inclusive Lee Mavers, pelo menos ele deu a entender, que a música é possivelmente sobre drogas e neste caso heroína.
Já Paul e John Power, o guitarrista da canção, afirmam que é só "sobre uma garota (..)" e negam até não poder mais sobre outras interpretações sobre a composição. 

Seja como for, essa canção, que foi lançada quatro vezes como single e estourou em 1990, virou um cult da música e ganhou diversas versões. Mas acreditem, a original é a melhor. 

E o que você acha: heroína ou uma garota? 

















Um comentário: