27/01/2014

A Dama- maravilhosa- das Camélias

Um filho rejeitado. Um nome que não o poderia fazer esquecer do pai nem que tentasse. E uma cortesã que podia preencher esse vazio de amor.
Esse é o pano de fundo principal de A Dama das Camélias de Alexandre Dumas Filho. E para aqueles que não sabiam tem um cunho autobiográfico intenso, já que é baseado na própria experiência de Dumas Filho.
Ele era um filho bastardo já que seu pai- se você ainda não sabe é o Alexandre Dumas Pai- o teve com sua amante, Marie Labay.
Mesmo assim, Dumas Filho resolveu seguir a carreira do pai e se tornou um renomado escritor. Seu pai o reconheceu como filho legítimo em 1831 e resolveu educá-lo. Mesmo assim ele sempre sofreu os preconceitos dos estigmas e da infelicidade de ser um filho ilegitimo e com sua herança negra.


Alexandre Dumas Filho( à esquerda) e Alexandre Dumas Pai (à direita).
Unidos, porém somente pelo nome.





Em 1844, Alexandre Filho resolveu se mudar com o seu pai para Saint-Germain-en-Laye -uma comuna francesa- e lá conheceu a inspiração- a musa- de A Dama das Camélias. A linda e atormentada alma de Marie Duplessis.



Marie era uma cortesã na época, uma profissão nada respeitável, porém comum.
Marie- seu nome real era Rose Alphonsine Plessis- era pobre e logo descobriu que poderia usar sua beleza como um meio de ganhar dinheiro. Embora amasse Alexandre Filho, Marie sabia que ele não tinha dinheiro e não poderia dar a ela a vida que tanto desejava. Ele até tentou levá-la para o campo, depois que todas as loucuras dele para ganhar dinheiro para ela se esgotaram, porém Marie sentiu saudade da vida agitada em Paris.

Como no livro ela tinha vários amantes- que iam desde Aguenor de Guiche, Conde de Stackelberg- e Alexandre em fim declarou: "Eu não sou nem rico o suficiente para amá-la como poderia e nem pobre o suficiente para ser amado como você gostaria." 

Descrita como: "Magérrima, quase um palito, mas incrivelmente delicada e graciosa.Seu rosto era angelicamente oval e seus olhos pretos tinham uma melancolia amorosa e sua pele era ofuscante. Ela tinha um charme incomparável." Marie era muito famosa. Sua personalidade sarcástica e seu humor negro a faziam se destacar das outras cortesãs da época. 

Marguerite e Marie são a mesma pessoa sem dúvida alguma. E Alexandre é Armand. Os dois tanto na vida real, como no livro, se conhecem no teatro. Ele fica impressionado com a beleza dela e não sossega até descobrir quem ela é. 

O livro é uma obra prima. Eu o li quase devorando depois de o comprar em um sebo perto de casa. Alexandre Dumas Filho soube como passar a impressão de alguém apaixonado e para mim ele definiu a alma de Marie em Marguerite, algo muito difícil de fazer com qualquer pessoa.
A sua linha de pensamento e sua narrativa são brilhantes e Alexandre é capaz de transmitir exatamente seus sentimentos. E claro que o fato dele ter vivido aquilo o ajudou e muito em sua história.
Um romance real transformado em uma história romântica de forma brilhante. Se algum dia alguém quiser fazer algo parecido, sugiro que leiam esse livro para conseguir dicas.  
Na história em si, Armand se apaixona pela cortesã Marguerite. Apaixonado por ela, Armand resolve contratar seus serviços, porém para isso teve que usar todo o seu já pouco dinheiro. Os dois se amam, porém Marguerite não consegue deixar aquela vida de excessos de Paris. E um destino fatal coloca o romance dos dois em risco para toda a eternidade.
Embora no livro, Dumas Filho, idealize e muito o amor entre eles, temos que levar em conta que aquele período na literatura era o do Romantismo. E para ser franca, Alexandre provavelmente idealizou enormemente Marie na vida real porque ele era louco por ela e sofreu muito por seu amor.

Um livro que sempre - não importe quanto tempo passe- vale a pena ler e ler e ler de novo. Um romance que nunca se apaga e um clássico da literatura que deve ser apreciado e amado. Assim como Alexandre amou Marie.






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