19/10/2013

Snake Pit na Sunset - Revista Details ( Maio de 1999), por Mark Ebner

Já que nesse mês, mais especificamente no dia 31 de outubro, fará 20 anos que estamos sem o incrível River Phoenix quis homenageá-lo de forma diferente e buscar uma entrevista pouco conhecida sobre a casa de shows Viper Room( onde ele morreu) na Sunset Boulevard (avenida famosa onde se encontram inúmeras casas de show badaladas em Los Angeles).
 Há também alguns depoimentos nessa entrevista de grande valor, como a da namorada de River Samantha Mathis, que estava presente quando ele sofreu aquela fatal overdose, além de outras menções curiosas sobre River.
Espero que gostem.


                                 Snake Pit na Sunset- Mark Ebner
Jakob Dylan tocou aqui, Adam Duritz trabalhou como bartender aqui e River Phoenix morreu aqui. Por meia década, o Viper Room tem sido o ponto de encontro dos hollywodianos mais badalados.
                   E agora a história por dentro do clube que definiu uma geração.

O Viper Room é amaldiçoado?Um dos antigos donos do clube faleceu em seu escritório, River Phoenix sofreu uma overdose na frente do clube e Michael Hutchence e Timothy Leary morreram dias depois de se apresentaram lá.
Viper Room é certamente assombrado por sua história: o gângster Bugsy Siegel cuidava do local na Sunset Boulevard 8852 quando ainda se chamava The Melody Room( conhecido por ter apostas e drogas ilegais nos anos 1940), hippies fumavam ali nos anos 1960 quando o local se chamava Filty McNasty's e bêbados afogavam suas mágoas ali nos anos 1970 e 1980 quando era conhecido como a Central.
Johnny Depp comprou o local em 1993, e ele e o parceiro de négocios Sal Jenco, transformaram o clube em um tipo de lugar, no qual dizem que a audiência é mais famosa dos que aqueles que se apresentam lá. Nos seis anos desde então, a história desse clube noturno repleto de celebridades top - às vezes triunfante, ocasionalmente trágica-  tem sido a história da jovem Hollywood.

              Os jogadores:
Morty Cole: líder da banda The Imposters,  uma lenda local e que sempre se apresenta no Viper Room, além de ter criado o novo show Men Without Sex.
Jakob Dylan: cantor da banda The Wallflowers que teve um show semanal no Viper Room de 1993 até 1994.
Adam Duritz: da banda Counting Crows e de vez em quando trabalha como bartender no clube.
George Drakioulas: produtor da gravadora Rick Rubin's American Recordings e frequentador assíduo do Viper Room.
Stacey Grenrock: ex-agente de talento e assistente de um dos donos do Viper Room, Sal Jenco. Ela agora é correspondente para Comedy Central's The Daily Show.
Samantha Mathis: atriz de Los Angeles que estrelou em A Última Ameaça (Broken Arrow) e frequentadora constante do Viper Room.
Nancy Sinatra: filha de Frank Sinatra. Tocou no Viper Room em dezembro.
Tracy Falco: produtora executiva de filmes e outra frequentadora do Viper Room.
Kimberly Toth: antiga atendente de porta do Viper Room.
Richmond Arquette: do clã de atores da família Arquette e um antigo assistente de bartender no clube.
Chuck E. Weiss: lendário hipster de Los Angeles( ele é o assunto por trás de Chuck E's In Love do Rick Lee Jones) e líder da banda Goddamn Liars. O seu primeiro álbum, Extremely Cool (Extremamente Legal), saiu em fevereiro de 1999.

                 Entrevista:
Falco: Eu sempre senti uma vibração legal naquele clube.Johnny e Sal eram grandes amigos e eles eram os caras mais legais na cidade. Não tinha aquele cara na frente do clube que era malvado com as pessoas. Mesmo que eles tivessem uma corda vermelha, eu não acho que as pessoas se sentiam rejeitadas. Todo mundo entrava se tinha lugar.
Grenrock: Houve um período em um verão no qual, toda segunda- feira, nós criávamos diferentes temas para o clube.Nós até tínhamos uma equipe que vinha construir coisas e mudar tudo.Nós tínhamos uma festa de carnaval natalino todo ano onde havia as performances mais estranhas que alguém poderia achar.Nós enchíamos o clube com mímicos e pessoas vestidas como bonecos de neve; nós tínhamos um cara vestido de gorila correndo por lá- nós tentávamos fazer tudo ser o mais divertido possível.
Duritz: Eles devem ter perdido muito dinheiro fazendo aquelas noites temáticas, mas elas eram incríveis.Uma noite o tema era coisas da mídia e eles tinham telas de televisão por todo o lado.Outra noite eles transformaram o lugar inteiro em o interior de um avião.Outra noite eles cobriram todas as paredes com alumínio.Eles arrumavam o clube de forma tão adorável.
Arquette: Uma noite tinha o tema Televisão Noturna dos anos 1970.Tinha o Dating Game no qual eu escrevi um monte de perguntas para isso. Eu usei o meu irmão David como o solteiro, mas ele engasgou quando viu a primeira pergunta. Ele não conseguiu ler; ele só ficou parado lá rindo. A pergunta era: "Eu gosto de me masturbar no meu tempo livre por horas a fio até me sentir suicida. O que você gosta de fazer com seu tempo livre?".
Mathis: Você sabia que na quinta -feira à noite você colocaria seu vestido, salto alto e o passaria o batom vermelho.E lá estariam as Pussycat Dolls e vocês as veria dançar por lá. As Pussycat Dolls são um tipo de grupo feminino burlesco com um estilo bem anos 40. Elas ficam no palco usando aqueles chapéus grandes e só de roupa íntima.
Arquette: Era ótimo! Cristina Applegate foi uma delas por um tempo e elas até dançaram na festa de aniversário do Leonardo DiCaprio recentemente.

Grenrock: Nós tínhamos um artista que cantava "Pop Goes the Weasel" ao mesmo tempo que fazia uns truques com um chicote. Havia artistas que nós trazíamos sempre que podíamos: David Hart, o ventriloquista Ciência Cristã, Enoch Cook, o mímico que falava.Ah, e Nanu, o Popeye espanhol. Esses são meus artistas favoritos e os de Sal também. Quando o clube abriu, um monte de artistas estranhos passavam por aqui e deixavam o seu resumo do show e nós os deixávamos tocar.
Sinatra: Eu não posso pensar num lugar mais legal para tocar em Los Angeles do que no Viper Room.Se o meu pai ainda estivesse se apresentando ele iria querer fazer um show lá quando estivesse prestes a chegar o fim da noite.
Coyle: Antes do Viper Room a Sunset Strip estava na época pós heavy metal - e estava em seu ponto baixo de respeitabilidade.Então nós [The Imposters] tocamos na Central e foi como um mergulho- serragem no chão, maquina de amendoim pregada na parede. Qualquer um poderia conseguir um show lá- qualquer um. Havia uma ótima reunião do AA (Alcoólatras Anônimos) na Central durante o dia de segunda - feira. Era como uma terapia na causa do problema.
Weiss: Bill, o co-proprietário, morreu ali na luz do dia e naquela época seu parceiro de négocios, Tony Fox tinha outro emprego. Então os filhos dele assumiram. O local tinha muitas dívidas e ninguém queria ver o clube ir por água abaixo e virar só um lugar insignificante. Então eu estava tentando reunir pessoas para comprar o local.Meu amigo Johnny Depp e eu sempre sonhamos em ter um clube onde eles tocassem um estilo de música viper( um jazz mais animado dos anos 1920). Ele queria comprar aquilo e ajudar as pessoas que dirigiam o clube, além de, realizar nosso sonho de ter um lugar onde pudéssemos ficar e que tivesse boa música sem todo aquele clichê de um clube normal.
Duritz: Sal sempre me disse que metade da razão pela qual Johnny comprou o local é porque ele e Johnny estavam indo lá na Central para ver Chuck tocar. E quando a Central estava fechando, a ideia de que Chuck não tivesse um local para tocar era terrível. Então para fazer com que Chuck continuasse tocando e para que eles tivessem um lugar para ficar, eles começaram o Viper Room.
Grenrock: Eu li algo que dizia que "viper room" era um apelido nos anos 1920 para uma sala de maconheiros. Eu não sei ser era isso que Johnny tinha em mente- eu acho que ele só gostava do nome.Originalmente ele queria que fosse um lugar íntimo que tocava jazz.
Coyle: É assim que eu vejo: Johnny é um músico frustado.Eu já o vi tocar quando o clube estava fechado e não tinha ninguém lá. É muito parecido com Dan Aykryod e The House of Blues. Você tem um cara que para todos os intentos e propósitos não é levado a sério no que mais ama fazer, então ele acaba fazendo uma casa para si mesmo para ter isso, sabe? Um castelo para seu reino.
Weiss:Minha primeira memória foi a grande inauguração e o quão ansiosas as pessoas estavam para entrar. Pessoas que nunca haviam entrado na Central queriam muito estar ali agora.
Arquette: A primeira vez que eu entrei no Viper Room, Johnny Cash estava tocando. Eu tinha uma atitude muito superior, como muitas pessoas na cidade. Tipo, o Viper Room era metido e portanto eu era bom demais para ele.Johnny Cash foi a desculpa que me permitiu ir para lá.
Dylan: Nós tocamos lá assim que abriu. Minha banda não tinha um contrato com a gravadora ainda.Nós precisávamos de lugares para tocar e as opções eram poucas.Nós entramos, trouxemos uma fita para Sal, e por alguma razão, ele nos deixou tocar.Nós tocamos lá a cada duas semanas por um tempo.

Falco: Minha primeira memória real do Viper Room é a noite que River faleceu.
Mathis: Infelizmente é o mesmo para mim. A primeira noite que eu estive lá, eu estava com River.Por razões que eu não preciso explicar, não foi uma experiência alegre e eu acho que levou quase um ano até que eu voltasse para lá.
Roth: Eu comecei a frequentar lá logo depois do incidente com o River.Era uma situação muito estranha e foi quando virou muito turístico - haviam muitas pessoas de fora da cidade com câmeras.
Weiss: Aconteceu num sábado à noite. Nós ficamos fechados por um semana depois disso. Eu acho que muita comoção foi feita em torno disso, porque, Deus, se você pegar qualquer clube em Hollywood, alguém famoso já morreu lá também. Há rumores que Joe E. Ross [de Car 54 Where Are You?] engasgou com uma almôndega em Canter's. Mas você não vai lá e diz: 'Ah, esse é o lugar onde Joe E. Ross engasgou com uma almôndega." [ Na verdade, Ross morreu de um ataque cardíaco em casa].
Mathis: Não foi a atividade e nem o espírito do clube que contribuiu para a morte de River.Não era isso que ocorria lá.Eu acho que as pessoas perceberam isso. Ou pelo menos as pessoas que conheciam lá perceberam.O jeito que o público passou a ver o clube estava, infelizmente, fora do controle de qualquer um.
Grenrock: O clube mima as celebridades.E onde você acha celebridades, muitas vezes você acha isso acontecendo. O clube não encoraja isso tanto quando a clientela o faz.As pessoas que vão lá criam essa atmosfera. Não é um abrigo de mulheres.
Coyle: Eles não fecharam Vegas quando alguém foi enterrado no deserto.É como se eles estivessem tentando usar o Viper Room para dizer que a jovem hollywood estava com problemas.E ela está com problemas.Heroína é excessiva em Hollywood, mas não tem nada a ver com o Viper Room.É muito fácil culpar só uma coisa.
Grenrock: Pessoas vem morrendo por mais tempo do que o Viper Room existe. Então, eu não acho que há nenhuma conexão com entre o clube e as pessoas morrendo. E eu não acho que o clube fez algo para promover esse estilo de vida, porque, como se sabe, a maioria das pessoas que dirigia o clube eram corretas. Timothy Leary[ que morreu logo depois de fazer uma leitura lá] era um homem velho e River Phoenix tinha um problema com heroína. Há razões porque as pessoas morrem.
Toth: Trabalhando lá e conhecendo as pessoas do Viper Room, eu nunca senti uma vibração estranha ou ruim.Toda vez que eu vou lá eu me divirto muito e não há nenhuma 'aura de morte' lá.
Arquette: Exceto pela morte de River, o Viper Room era um lugar de vida, pelo que eu saiba. O clube me deu vida. Sal me contratou quando era desempregado.Ele me levou até esse grupo de pessoas e me fez  virar um amigo na hora.
Dylan: Não há nenhum outro lugar na cidade que seja tão pessoal. Se você é amigável com eles, você pode simplesmente entrar, beber e se sentir confortável. É como uma casa em um clube.
Weiss: Eu sentia que havia muita mágica nas amizades que eu tinha e no meu show de segunda lá no clube.
Duritz: Depois de fazer uma turnê em 1994, eu voltei para Berkeley na primeira semana de janeiro de 1995. Eu estava tendo um tempo difícil; eu era muito famoso naquela semana. Parecia que a todo lugar que eu ia naqueles seis dias alguém vinha até mim e dizia coisas horríveis- simplesmente sórdidas. E tudo isso era muito novo para mim e então eu estava tendo dificuldade em lidar com tudo aquilo. Eu estava em casa em Berkeley uma noite e Sal ligou para mim e perguntou: "O que está acontecendo?" e eu contei a ele. Haviam crianças acampando do lado de fora da minha casa. E ele disse: "Bem, escute....espere um minuto". Ele me deixou na espera e quando voltou disse: "Escute, há uma reserva de avião para você às sete horas e eu arranjei um quarto no Bel Age para você. Eu e o Johnny estamos dando uma festa e iriamos convidar você de qualquer jeito mesmo, então por que você não vem?". Então eu disse: "Que se dane!". Peguei algumas coisas,  peguei o avião para Los Angeles e nunca voltei para Berkeley de novo.
Noite de dança: Chuck E. Weiss 'requebra' no Viper Room em 1994.

Coyle: Adam foi aceito pelo contingente do Viper. Os Viper sempre tiveram um ponto fraco no seus corações por uma celebridade.
Dylan:Em algumas noites nós tocávamos e só tinham cinco pessoas e outras tinham algumas centenas.Mas era como tocar em qualquer clube - você chama o máximo de amigos que puder para irem assistir seu show.
Coyle: Era um sonho tocar lá.Naquela época em LA, a maioria dos lugares eram pagos para tocar- a cena era dirigida por pessoas que alugavam clubes. Mas o The Imposters construíram uma grande base de seguidores no Viper Room.
Duritz: Eu lembro uma noite no Halloween em que eu estava na audiência usando um par de orelha de coelho e eu fui puxado bêbado para o palco com Morty e o The Imposters para fazer alguns covers. Eu estava lá em cima com Morty cantando "Maggie May" e muitas outras músicas com orelhas de coelho, caralho.
Coyle: A primeira vez que eu conheci Adam Duritz (em 1995) e eu vi uma menina ir até ele e dizer: " Por que você roubou Van Morrison?" e eu pensei: "Que merda de trabalho é esse!". Então ele foi para trás do bar e derrubou bebidas.
Duritz: Eu recebia boas gorjetas, mas não era nenhum problema, realmente.Era mais, tipo, esses são meus amigos; eles estão sempre por perto.Eu fui incomodado uma vez, mas Morty tomou conta e nos quatro anos depois disso, eu nunca mais tive nenhum problema.Essa foi umas das razões pelas quais eu me mudei para cá.Com todo mundo correndo para lá e para cá, quem iria se importar comigo? No Viper Room era como se eu fosse um cara comum.
Coyle: O que mais o Duritz iria fazer, porra? Ele tem tipo uns 8 milhões de dólares. O que ele vai fazer? Ser um assentador de tijolos? Você sabe, ele frequenta um lugar onde há vagina e elas vão ser "jogadas" para ele já que ele é um famoso rock star. Não há nada de errado nisso. Esse é o trabalho.
Duritz: Na primeira metade de 1995 eu não estava fazendo muito. E então eu comecei a escrever e naquele verão começamos a ensaiar para o Recovering the Satellites. Eu sai do estúdio uma noite bem tarde e fui para casa das minhas amigas Tracy [Falco] e Samantha [Mathis].Eu estava num humor muito estranho e eu bati a porta e as acordei e nós conversamos por algumas horas. E então eu fui para casa e escrevi " A Long December", acordei de manhã, fui até o hospital visitar um amigo e fui ao estúdio para tocar a música para os rapazes.Ensinei-os a tocar depois do jantar e gravamos a noite. Não houve nenhum overdub exceto, depois de alguns drinks na cozinha, eu voltei e cantei todos os vocais de apoio em dez minutos. Eu peguei um fita cassete, fui correndo até meu carro- porque já era 2:30 da manhã - e fui até o Viper Room. Eles estavam fechando, mas Shannon (gerente do clube), Big Ed (segurança) e Sal ainda estavam lá e foram para fora. Meu carro, um Karmann Ghia estava estacionado lá fora em frente da porta lateral e eu toquei para eles "A Long December". Eles foram as primeiras três pessoas a ouvirem.
Falco: Nós sempre dissemos que nós devíamos ter um livro de visitas na nossa casa nesses dois anos, porque em uma hora ou outra, eu acho que todo o ator de hollywood já esteve lá.
Duritz: A casa delas era como o "Hillside Manor" da canção. Era essa pequena casa no lado da colina e nós falávamos que era a casa principal de tudo.
Escritas na parede lamentando a perda de River

Falco: Nós tínhamos um grande círculo de amigos e eu acho que todos tem um verão do qual eles lembram. Todos nós tínhamos 23 anos e pouco e nós tínhamos esses amigos maravilhosos- pessoas que estavam na cidade fazendo música ou outras coisas.Michael Stipe estava na cidade, Adam tinha acabado de se mudar para Los Angeles e foi realmente um momento especial. Eram noites sem fim e muito divertidas.
Mathis: E muito vinho tinto.
Falco:Muito vinho tinto derrubado.
Mathis: Era meio que um acordo que não importava aonde estivéssemos, nós sempre acabaríamos a noite no Viper Room.
Duritz: Naquele ponto, era como uma casa longe de casa. Era onde eu estava.
Mathis: No Viper Room as portas estavam sempre abertas para nós. Nós chegávamos e Sal ligava para Daniamo's  para pedir umas quinze pizzas. Nós sentávamos, conversávamos e fumávamos cigarros e relaxávamos.
Falco: Mas nunca era: "Ah, eu não quero ir lá de novo". Ir ao Viper Room nunca era ruim.
Mathis: Era: "Vamos ver o Sal e ver o que está acontecendo".Era um ótimo lugar para ir.
Falco: Era como uma pequena família também, com o Big Ed e todas as pessoas que trabalhavam lá.
Drakoulias: Era como uma família estendida. Eles tinham festas de Halloween e de Ação de Graças ou os pais de Sal viriam para a cidade e cozinhavam para a gente. Era bom- como se você tivesse vários primos e mesmo que você não se desse bem com todos eles você iria vê-los de qualquer jeito. Era esse tipo de coisa.
Mathis: Eu acho que Sal e Johnny estenderam o circulo de amigos deles de tal maneira que pessoas que eram músicos ou artistas sentiam que o clube era um lugar aberto para que eles fossem e tentassem tocar. Quero dizer, foi lá que Counting Crows estreou sua nova música. Eles convidaram seus amigos para ver o que eles achavam.Ou então as pessoas iam para se divertirem e acabavam indo para o palco.Mas era um lugar seguro. Você sabia que os donos não estavam ligando para a imprensa e dizendo: "Este e este estará tocando no Viper Room hoje à noite". Era muito respeitoso.
Arquette: Eu vi o Jerry lá. Foi muito legal. Ele cantou músicas do Elvis se me lembro corretamente.
Weiss: Eu tenho uma canção na qual pessoas me dão dinheiro. É chamada "What Am I Going To Do With All This Money?"( O que eu vou fazer com todo esse dinheiro?) e as pessoas jogavam dólares em cima de mim.Uma noite um cara subiu no palco e começou a dar para banda notas de cem dólares. E depois ele pegou uma nota de mil. Spyder (baixista do Goddamn Liars) foi pegar, mas eu impedi porque o cara estava acabado e não queria que ele acordasse sem nenhum dinheiro.
Drakouilas: Quando Beck tocou lá, eu lembro que foi uma noite muito bizarra.Ele fez breakdance e coisas assim e as pessoas não sabiam o que pensar.Elas só o encaravam.
Dylan:Eu acho que é isso que o Viper Room oferece. Você vê um monte de bandas locais uma noite e na outra você vê Johnny Cash e Mick Jagger arrasando lá em cima.
Coyle:Eu já vi Chrissie Hynde por lá descalço, depois de horas, falando sobre religião com Johnny.Eu pensei que aquilo era muito, muito legal.
Drakioulas: A coisa mais divertida que eu já vi no Viper Room foi o Big Ed dançando com a Naomi Campbell.
Coyle: Eu irei te dizer a coisa mais engraçada.Alguém, de algum jeito, conseguiu entupir o lavatório com um rolo de toalha de papel. Então, todos ficavam se perguntando: "Como nós tiramos isso daqui?" enquanto trazíamos aquilo para a mesa. E Johnny estava olhando para aquilo junto com a Kate Moss e Sal estava debaixo da mesa; todos tentando tirar aquilo dali. Era a coisa mais estranha do mundo; todos em volta daquele lavatório.E Kate dá sua opinião sobre aquilo e todos nós falamos: " Por que você não coloca seu braço lá dentro e tira o rolo de toalha ?". E ela fala para o Johnny: "Você me daria 100 dólares se eu tirasse o rolo de lá?" e ele diz: "Sim, porque eu posso conseguir 400 dólares do National Enquirer por uma foto de você com a mão no lavatório!".
Grenrock: Supermodelos vomitando e todas essas coisas loucas.Essas eram as noites mais divertidas de que me lembro.
Arquette: Eu acho que o público é muito diverso, por isso há confusão.Eu lembro da noite que Timothy Leary estava lendo Alice no País das Maravilhas no palco e muitos turistas estavam lá.Lá é conhecido pelas celebridades então muitos turistas vão lá e não sabem o que esperar.Eles deveriam ficar gratos por estarem ganhando uma experiencia além do que eles pagaram.Eu lembro de estar lá fora vestido como o Coelho Branco, flertando com uma das meninas vestidas como Alice e uns caras bêbados saíram e um deles disse:
"Sabe, essas pessoas festejam de forma estranha aqui em LA!" E não parece ter gostado. Ele não percebeu que estava fazendo parte de um momento histórico. Timothy Leary no palco falando sobre Lewis Carroll, lendo sobre Alice no País das Maravilhas? Isso é algo grandioso!
Coyle: Quando Timothy Leary estava lá, um garoto lhe deu um cigarro de maconha. Leary era definitivamente um fornecedor de parafernália pura e de produtos também, então eu acho que ele tirou vantagem disso e os funcionários do Viper Room se livraram dele. Não há drogas no Viper Room. Eles tinham o desastre, mas honestamente não há drogas lá.É para beber e se divertir.
Duritz: O que eu mais lembro sobre aquele lugar é ficar sentado e falar com pessoas interessantes - e era praticamente isso.Minha vida era muito difícil e esses caras me deram um lugar onde tudo era tão legal. Eu estava virando um recluso quando fiquei famoso e lá eu voltei a mim mesmo e ganhei uma vida de novo.Eu me sinto como um adulto agora e muito disso vem do quanto essas pessoas foram ótimas para mim e o lugar também.Você vê filmes sobre lugares legendários que são uma merda. Você quer fazer um filme inteiro sobre Studio 54? Que porra é o Studio 54? Um lugar onde um bando de viciados em cocaína não deixavam um ao outro entrar. Era só um clube de dança. Mas esse lugar- tem toda essa música e grandes bandas como era quando eu cresci em São Francisco.
Arquette: Você é parte disso para sempre. Eu vou até lá e ainda tenho amigos.
Dylan: Eu tocaria no Viper Room amanhã. E se as coisas não estiverem indo bem com a banda e eu precisar começar de novo daqui alguns anos, esse seria o primeiro lugar no qual eu iria.
Michael Stipe e Samantha Mathis


Mark Ebner foi expulso do Viper Room três vezes em uma noite por perturbar uma aparição de Hunter S. Thompson. Ele ainda acredita que é bem vindo ali.

Fonte da Matéria: [http://interview.johnnydepp-zone2.com/RA1999_03Details.html] -Details Magazine March 1999.


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